TRANS TIBERIM
(III)
Porém estas coisas há que despachá-las e dizê-las
muito velozmente e com cautela, para que a cândida
mediocridade de algum sagaz
nao opine apressadamente
que o que estamos
nesses momentos fazendo
é -e para supremo bem-
literatura. E como pode ser que nao se saiba
que para os poetas verdadeiros a literatura
nao nos importou nunca em
excesso e que provavelmente nos
tornamos ainda mais verdadeiros
quando esta nao só nos cai
invariavelmente de nosos dedos senao atçe
nos enfastia e nos fadiga?
Ainda que um pouco antes ou exato
nesses momentos, contra nossa vontade
e contra nós mesmos
teremos talvez deixado
como enxofre escritos
alguns gestos.
Para qué?
Pois
para nada.
Ou para a solidao
e para a história
-esse nome que recebe
a solidao mais tarde.
TRANS TIBERIM
(III)
Pero estas cosas hay que despacharlas y decirlas
muy velozmente y con cautela, no sea que la cándida
mediocridad de algún sagaz
dictamine con presura
que lo que estamos
en esos momentos haciendo
nosotros es -y para colmo bien-
literatura. ¿Y cómo puede ser que no se sepa
que a los poetas verdaderos la literatura
no nos importó nunca en exceso
y que probablemente nos hacemos
aún más verdaderos cuando ésta
no sólo se nos cae
invariablemente de los dedos sino que hasta
nos fastidia y nos fatiga?
Aunque un poco antes o justo
en esos momentos, a pesar nuestro
y contra nosotros mismos
habremos tal vez dejado
como azufre escritos
algunos gestos.
¿Para qué?
Pues
para nada.
O para la soledad
y para la historia
-ese nombre que recibe
la soledad más tarde.
Trans Tiberim (III), de Santiago Montobbio
Ética confirmada, Editorial Devenir, Madrid, 1990
Traduçao: Ester Abreu Vieira de Oliveira
Revista da Academia Espírito-Santense de Letras, Vitória, Brasil, 2004